quarta-feira, 5 de março de 2014

Mãe

Mãe,

Hoje, mãe universal.
Mãe de muitas mães, principalmente das que sofrem tanto.
Fui mãe dedicada e caridosa, que com muita luta consegui cuidar, tratar, amparar.

A notícia de que seria mãe, em cada gravidez, foi alegria e renovação.
Esperar, chegar, acolher nos braços, amamentar, dar de si o seio materno.
Sempre senti-me imensamente protegida e amparada no imenso amor que sentia nos primeiros dentinhos, no andar trôpego, na voz rouca ao dizer as primeiras palavras, Mamã, Papá...

Mãe, tão amorosa.
Como não saber e entender a dor de tantas mães que lamentam a ausência de seus filhos; que sentem a falta e a saudade pungente; que sofreram todos os dias, do amanhecer até o anoitecer, pois queriam a presença, a vida contínua, sonhos refeitos...

Que poderia dizer a essas mães, como eu, sofredora, o que poderei dizer...
Que conforto darei diante do grande conflito da ausência...
Talvez que possam pensar nas mães como eu, que perderam seus filhos para o crime, para o suicídio, para a violência, para as drogas.

Perdi o meu Lucas, seguido do Marcos, para o que não havia forças para que eu combatesse.
Perdi, sofri, me culpei, me desintegrei.
Sou mãe, fui mãe e quero que vocês, mães de meninos que também se foram, se confortem em minha dor.
Se percebam como mulheres escolhidas entre tantas a ter que deixar partir seus pequenos anjos de luz.
Imaginem Maria, aceitar seu filho, pequeno Deus de Amor, levado, sacrificado.

Mães, a vida urge, e aqui na vida espiritual temos a oportunidade de ser mãe de tantos outros que também sofrem por tantas aflições.

Digo-vos que a oração é paz e conforto, que o trabalho é redenção e que o tempo é consolador.

Deixo meu abraço especial e carinhoso a vocês que soluçam mas que engolem o pranto com a doce certeza do reencontro.

Muita paz a todos,

Vó Lia.

(Psicografado por Célia, na reunião mediúnica de 22/01/2014, no Grêmio Espírita Perseverança e Caridade.)